domingo, 6 de junho de 2010

Nowhere Boy


John Lennon também foi adolescente


O ainda inédito aqui “Nowhere boy” (disponível em DVD e BD importado) é um filme bacana sobre como foi a adolescência de John Winston Lennon, principalmente como ele descobriu e se encantou pelo rock’n’roll. O longa de estreia do diretor de clipes John Taylor Wood (baseado no livro de memórias da irmã de Lennon, Julia Baird, já lançado no Brasil) é feliz em documentar este momento. Também acerta ao tentar nos mostrar como foi se delineando a personalidade difícil e conturbada de Lennon, que jamais superou a morte precoce da mãe, a quem ele mal teve tempo de conhecer direito (e a quem dedicou a gutural “Mother”).

Ainda melhor do que o livro, o filme nos mostra como Julia (Anne-Marie Duff, extraordinária) foi extremamente importante na vida de Lennon num momento crucial: o auge de sua adolescência e a descoberta da música, do rock dos Estados Unidos. John (interpretado sem exageros por Aaron Johnson, o protagonista do sensacional “Kick-ass, quebrando tudo”) era um bad boy, que se vestia ao estilo rockabilly.

No seu curto período de convivência com a mãe — o pai, que era da Marinha Mercante, o deixou ainda bebê, e ele foi criado por uma tia, Mimi (feita por outra atriz de calibre, Kristin Scott Thomas) —, Lennon aprendeu com ela a tocar banjo (que o levou para a guitarra). Aprendeu também a ouvir compactos de rock e blues americanos (como os de Screamin’ Jay Hawkins e Chuck Berry) e, sobretudo, aprendeu a amar Elvis, que sua mãe adorava e acabou sendo a sua maior influência — e o que o levou a formar uma banda com amigos de escola, Quarrymen, também para pegar garotas.

É extremamente emocionante descobrir junto com John Lennon o poder libertador do rock‘n’roll, quando aquilo era realmente novidade, quando importava, quando era rebelde, alternativo e diferente. E o quanto isso fazia diferença na vida de um garoto de uma cidadezinha do interior inglês do pós-guerra e sem futuro (a inspiração para a letra de “Nowhere man”), onde todos, invariavelmente, acabavam em empregos medíocres ou entrando para a marinha ou para o exército.

Também é bacana “testemunhar” o momento em que John conhece Paul McCartney, um aparente almofadinha, mas que sacava tudo de rock e tocava muito bem. Desde então, já nasce entre eles a rivalidade amiga — mas que, no futuro, seria um dos motivos que levaria ao fim dos Beatles. A banda, aliás, sequer é citada no filme, que vai até o momento em que os Quarrymen iriam ser rebatizados e partir para a legendária turnê em Hamburgo, na Alemanha, já com George Harrison.

Na parte final, a narrativa embica para o drama pesado, inevitável. Porque é aí — justamente quando a relação de John e Julia, depois de um período de “namoro” (a ligação deles foi bastante edipiana) entra numa fase de negação (quando John descobre o real motivo pelo qual foi abandonado) — que acontece a trágica morte de Julia, num atropelamento estúpido. O acidente marcaria para sempre a vida do genial garoto de Liverpool. Que sempre procurou pela mãe que não teve.

*trecho de matéria publicada no Rio Fanzine do caderno Rio Show de 04/06/10

fonte:http://oglobo.globo.com/blogs/riofanzine/posts/2010/06/04/john-lennon-tambem-foi-adolescente-296987.asp

Colaboração: Breno Augusto

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