sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
RINGO 2012
Ano: 2012
Cotação: ***
Retirado do Site Galeria Musical
Por Anderson Nascimento
Muitos já se perguntaram qual o segredo da jovialidade estampada nesse senhor de setenta e um anos, talvez a resposta seja ir contra a inércia. Ringo continua mantendo desde 2003 a média de lançamento de um disco de estúdio a cada dois anos, isso sem contar os CDs e DVDs ao vivo que o batera lança com a sua All Starr Band, banda que Ringo recruta para excursionar e tocar ao vivo.
Mesmo com essa freqüência de lançamentos, o eterno baterista dos Beatles continua surpreendendo. A faixa “Athem”, que abre o disco, é um exemplo disso, já que causa um arrepio já em seus primeiros segundos ao fã dos Beatles mais atento, reproduzindo a introdução de “Glass Onion”, canção dos Beatles registrada no Álbum Branco.
Por outro lado, esse lado workaholic assumido por Ringo nos últimos anos tem trazido algumas mudanças significativas em seus álbuns, o que não necessariamente são boas. Uma delas é a redução do número de canções. Para se ter uma ideia, em “Ringo Rama” (2003) eram quatorze músicas, em “Choose Love” (2005) e “Liverpool 8” (2008) eram treze, em “Y Not” (2010) dez, e no disco que acaba de ser lançado são nove músicas e apenas vinte e oito minutos de música. As capas também estão chinfrins demais. Alguém, além de mim, percebeu a semelhança entre as capas dos dois últimos álbuns?
Outra dessas mudanças está nas regravações de seu próprio repertório, que foi feito de forma maravilhosa em “Y Not”, ao reler a obscura “Everyone Wins”. Já em “Ringo 2012” a acurácia é de cinqüenta por cento de êxito: foi muito bem na regravação de “Wings”, pérola do disco “Ringo The 4th” (1977), e muito mal na regravação de “Step Lightly”, do seu álbum mais bem sucedido “Ringo” (1973), que ganha aqui uma versão com cara de brincadeira de estúdio.
Quanto às outras duas regravações não há erro. O rearranjo de “Rock Island Line” ficou demais, baseado em Rock básico, agradou muito. No mesmo caminho segue a regravação de “Think It Over”, canção de Buddy Holly, que ficou excepcional nessa gravação de Ringo, que inclusive chega a fazer brincadeiras vocais no estilo inconfundível de Holly.
Entre as cinco inéditas, estão as simpáticas “Samba”, “Wonderful” e “In Liverpool”, sendo esta última, uma faixa onde Ringo repete a homenagem à Liverpool, espécie de ingrediente básico de seus últimos três discos. Aqui nesse disco, a homenagem segue em formato de baladinha, a faixa é bonita, mas fica um pouco abaixo das duas homenagens anteriores.
De fato o grande atrativo desse novo álbum do Ringo é mesmo o Rock. O álbum se sai muito bem nessas faixas, principalmente se você tiver o prazer de consumir o disco em sua edição em vinil. A inconfundível bateria de Ringo Starr e a poderosa guitarra de Joe Walsh fazem de “Wings” um grandessíssimo single, assim como a faixa que fecha o disco “Slow Down”- não confundir com a canção que os Beatles gravaram – que conta com uma superbanda formada por Ringo, Joe Walsh (guitarra), Don Was (baixo) e Edgar Winter (órgão), um espetáculo que habilita a faixa a integrar o repertório da próxima encarnação da All Starr Band.
Faltam em “Ringo 2012” faixas com o poder de “The Other Side of Liverpool”, o refrão grudento de “Y Not”, ou ainda a emocionante “Walk With You”, que conta com Macca nos vocais. Ainda assim o disco vai deixar os fãs bastante contentes, quanto a isso não há dúvidas, principalmente porque Paul McCartney acaba de lançar um disco de Standarts, ou seja, cabe ao nosso querido Ringo nos nutrir com o mais puro (e básico) Rock and Roll.
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