terça-feira, 13 de março de 2012

KISSES ON THE BOTTOM - PAUL McCARTNEY



Ano: 2012
Cotação: **
Retirado do Site Galeria Musical

Por Anderson Nascimento

Que Sir Paul McCartney é um gênio no quesito produção musical, acho que ninguém duvida, ainda que seja curioso ouvir Macca, pela primeira vez atuando apenas como intérprete – e como compositor em duas faixas -, sem ao menos manusear qualquer instrumento, dedicando-se apenas ao vocal.

Rapidamente vem à mente a imagem do eterno Beatle postado à frente de um microfone, fones no ouvido e um estalar de dedos mudo, sentindo a canção, emprestando a sua voz e embriagando-se de memórias das mais remotas de sua infância.

Paul gravou esse disco para que este funcionasse como uma espécie de pagamento de dívida de gratidão pelo que essas músicas fizeram por ele em sua formação musical, já que Paul ouvia a maioria dessas canções através do velho piano tocado por seu pai James McCartney nas tradicionais reuniões familiares sob a melodia das canções que hoje chamamos de Standarts.

Dessa forma Paul McCartney, um senhor prestes a completar setenta anos, desfila canções consagradas como "Im Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter", gravada anteriormente por gente como Nat King Cole, Frank Sinatra e Bill Halley; "The Glory of Love", Dean Martin, Otis Redding e mais uma vez Sinatra; e “Get Yourself Another Fool”, definitivamente apropriada por Sam Cooke em 1963.

Não tem como não deixar de citar que a gravação desse álbum revela-se um impressionante antagonismo quando levamos em consideração a atual fase de Paul McCartney, recheada de turnês bem sucedidas, onde ele e banda esbanjam vitalidades e Rock and Roll, isso sem contar com o lançamento de discos como “Memory Almost Full”, de pegada revisionista também, porém de grande relevância quando levado em conta as características naturais de Paul como músico, compositor e cantor.

De qualquer forma, Paul foi honesto nas entrevistas que concedeu sobre o álbum, ao dizer que o mesmo foi gravado para ser apreciado ao lado de uma garrafa de vinho após um dia duro e difícil, ou seja, um álbum típico para relaxar. Por essa ótica, o álbum realmente funciona, porém, em outros momentos, ouvir o novo disco de Paul pode se tornar uma tarefa não muito empolgante, dado o clima ameno e minimalista que o disco apresenta.

Falando nisso, um dos principais reveses do álbum é a tonalidade cinza que as canções proporcionam. Canções como “Bye Bye Blackbird”, gravada por uma penca de artistas – entre eles por Ringo Starr em uma versão divertidíssima -, aqui vira uma balada sonolenta, mudando drasticamente a sua ideia original.

Já algo que conta pontos positivos para o projeto, é o fato de que Paul não apelou para o óbvio ao escolher o repertório do álbum, pinçando canções que datam de 1925, caso de “Aways”, e faixas menos populares, caso de “More I Cannot Wish”, que chegou a ser gravada por Bing Crosby.

Entre participações de Diana Krall e sua banda (que toca ao longo do disco), Stevie Wonder, com uma maravilhosa gaita em “Only Our Hearts” (canção inédita, de composição do próprio Paul), está Eric Clapton tocando em “My Valentine” (a outra inédita de Paul) e solando brilhantemente em "Get Yourself Another Fool", pepitas de um álbum de degustação difícil para os padrões de álbuns de Macca.

A grande notícia é que após o lançamento desse disco Paul embarca para mais uma turnê, que deverá passar novamente pelo Brasil, e prepara um novo álbum para dar vazão à, segundo o próprio, grande quantidade de material inédito que ele compôs recentemente. Agora é só esperar.

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