quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ringo - 1973 - Um Clássico


Ringo - 1973

Classificação: *****

por Anderson Nascimento

Quando falamos em discos do ex-Beatle Ringo Starr, pode parecer protecionismo de quem gosta dos Beatles. Mas é verdade, houve um tempo em que o baterista mais querido do mundo tocava (e como!) nas rádios do mundo inteiro, inclusive (muito) no Brasil!

Quando os Beatles ainda eram uma banda na ativa nos anos 60, era de praxe que Ringo assumisse os vocais de uma das faixas dos álbuns ingleses lançados pelo quarteto. Só que os fãs do Ringo queriam mais, pois o jeito irreverente e "esforçado" do baterista nos vocais era admirado por muitos, aumentando cada vez mais o carisma do público perante a ele.

Quando os Beatles separaram-se oficialmente em abril de 1970, a expectativa foi grande, afinal de contas, o mais óbvio era que John, Paul, George e Ringo lançassem álbuns e iniciassem suas respectivas carreiras como artistas solo. Isto de fato aconteceu, porém, para surpresa de todos, Ringo soltou dois álbuns no primeiro ano sem os Beatles: "Sentimental Journey" e "Beaucoups of Blues". O primeiro, trazendo uma inimaginável coleção de clássicos standarts, como "Stardust" e "Night and Day" na voz anasalada do Ringo, e o outro, uma coleção de clássicos da country music. E aí, o povo perguntou – Cadê o Ringo de Rocks como "Honey Don’t", "Boys" e "Don’t Pass me By" ?

Em abril de 1971, porém, Ringo novamente surpreendeu a todos com o compacto "It Don’t Como Easy" de sua própria composição, o sucesso foi estrondoso, foi o início de uma grande carreira fonográfica nos anos 70.

Lançando mais um compacto ("Back of Boogaloo") e atuando em dois filmes ("200 Motels" e "Blindman"), Ringo começava a se preparar para lançar o seu primeiro álbum de Rock.

Ninguém porém, imaginava que o disco seria o sucesso que foi. De forma surpreendente, Ringo recrutou grandes artistas da época, leia-se o tecladista Billy Preston, o baixista Klaus Voormanm, Harry Nilsson, o pessoal da banda "The Band", entre outros.

Só isso já era o suficiente para termos um álbum ao menos interessante. Mas a grandiosidade não parou por aí, no dia 13 de março de 1973, no meio das gravações do álbum, uma "banda" juntou-se para gravar a canção que abriria o álbum "I’m The Greatest", composição de John Lennon feita especialmente para o seu amigo Ringo. Essa "banda" foi composta por Ringo Starr na voz e na bateria, John Lennon nos vocais e piano, George Harrison na guitarra, Billy Preston no órgão e no baixo Klauss Voorman.

Em termos práticos, a gravação dessa música foi uma reunião dos Beatles sem o Paul, sendo substituído pelo conhecido de longa data (desde os tempos dos shows dos Beatles na Alemanha no início dos anos 60) Klauss Voorman, e acrescido de Billy Preston, quem não lembra dele na gravação do filme/disco "Let It Be"? A música fazendo jus à sua própria gravação é grandiosa, cheia de efeitos e referências explícitas à música "Sgt. Peppers" dos Beatles.

O Rock nada humilde era apenas a primeira música de um álbum caprichosamente preparado: a capa, trazia desenhos com todas as pessoas que participaram dele em uma espécie de platéia (também lembra "Sgt. Peppers") para ver o grande Ringo, um detalhe interessante é a presença dos três Beatles no centro do desenho, sem dúvida, uma alusão à participação dos quatro na capa. Além disso o disco vinha encartado com um livreto de 24 páginas, com desenhos de Klaus Voorman (que fez a capa do Revolver, da série Anthology, entre outras) para cada música do álbum.

No dia 16 de abril chegava ao estúdio Paul e Linda McCartney para a gravação de outra grande música do álbum, a balada "Six O’Clock", letra inspirada do Paul que, segundo o próprio, é sua melhor balada desde "The Long and Winding Road", suave e muito bem interpretada pelo Ringo. Pronto, estava completa a participação dos Beatles no álbum. E é assim mesmo que a divulgação do álbum foi anunciada mundo a fora "Os Beatles estão de volta!". E este disco, foi sim, com certeza, o momento mais próximo de uma reunião dos Beatles.

Tirando a já citada "Six O’Clock", "Step Lightly" (composição de Ringo), "You and Me", e adicionando o mega sucesso "Photograph", que é na verdade mais uma participação Beatle, pois a canção é de autoria de George e Ringo, além de ter a guitarra de George na música, o restante do disco é recheado de Rock’n’Roll. Mas falando em "Photograph", vale lembrar que a canção permaneceu dezesseis semanas no topo das paradas de sucesso, tornando-se um dos singles mais bem sucedidos do ano, não à toa, Ringo até hoje toca a canção em seus shows.

Mas ainda deste disco saíram mais dois singles "You’re Sixteen", que assim como "Photograph", ainda é tocada nos shows, e "Oh, my my". A primeira permaneceu várias semanas na primeira posição, e a segunda chegou à quinta posição nas paradas, isso gerou uma verdadeira overdose de Ringo Starr nas rádios, o episódio foi tão inusitado que seu amigo John Lennon enviou-lhe um telegrama com a seguinte mensagem: "Por favor, escreva-me uma canção de sucesso."

Na maioria dos Rocks contidos no disco, vemos as referências de Ringo e sua já "treinada" voz para esse tipo de música. É o caso de "Have you my baby" um porrada de arrasar, principalmente pela introdução com a guitarra de Marc Bolan da banda T. Rex. Outro momento de tirar o fôlego é "Devil Woman", um vocal rasgado, bateria e guitarras também pesadas é mais um entre os melhores momentos do disco.

No fim, na música que encerra o disco "You and Me" (mais uma composição de Harrison) uma música tranquila onde Ringo encerra agradecendo a "ajudinha de seus amigos".

Ringo é um disco que entrou para a história, tanto pelo seu formato, pelas participações especiais, e, claro, pelas grandes canções que estão inseridas nele. Depois disso, Ringo manteve a fórmula de participações especiais em seus discos posteriores e lançou bons discos como "Good Night Viena" e "Rotogravure" último álbum a fazer sucesso no Brasil. Na década de 80 Ringo não teve tanto êxito musical, porém retornou com tudo em 1992 com o álbum "Time Takes Time", criou a sua "All Starr Band" que o levou de volta aos palcos do mundo, até que lançou respectivamente os álbuns "Vertical Man", "Ringo Rama", "Choose Love" e "Liverpool 8" que trouxeram de volta o nível do álbum "Ringo" de 1973 que deu origem a tudo.

Um comentário:

  1. Esse artigo está simplesmente demais!!! Parabéns aos organizadores do fã clube!!!!

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